segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008

FREEGAN... PERO NO MUCHO!





Sabe aqueles dias em que você acorda com a macaca e que a melhor coisa que você podia ter feito era continuar debaixo do lençol? Agora, imagine que esse dia não é uma quarta ou uma quinta-feira qualquer, mas sim uma bela duma segunda filha da puta, daquelas em que você preferiria mil vezes que o teto lhe caísse pela cabeça abaixo do que levantar e ter que tomar o rumo do trabalho... Pra piorar o quadro, some-se a isso o fato de ter que voltar ao batente depois de mais de um mês de férias, num dolce far niente sem hora pra acordar e dormir...
Pois hoje foi esse dia. E é em dias como esse que eu reavalio profundamente a vida que eu venho levando... Parece brincadeira mas é coisa séria. Tá tudo arrumadinho aqui na minha cabeça, agora só falta coragem pra pôr a coisa em prática.
A escola em que eu trabalho fica em frente a um morro. Morro mesmo, sem casa, sem barraco, só mato, árvore e uns carinhas que vez ou outra insistem em pular de parapente lá de cima. E foi olhando pra esse morro que numa dessas segundas sem lei, me ocorreu o insight. Era hora de largar tudo. Trabalho, patrão, contas e seguir montanha acima. Sem preocupação com o horário de pular da cama. Sem dor de cabeça com o vencimento das faturas do cartão de crédito. Sem o malabarismo de apertar aqui, esticar ali pro orçamento não estourar no fim do mês. Plantar pra comer, comer pra viver seria o suficiente. Roupa pra quê? Eu nasci pelado! E na minha sociedade, tamanhos, circunferências e diâmetros seriam medidas que não vigorariam, o que colocaria todos os homens em pé de igualdade...
Toda instituição seria abolida ou pelo menos reformulada. Podia até existir um governo pro oba-oba geral não ser instaurado. Mas nada que lembrasse os atuais prefeitos, governadores ou... Bom, deixa pra lá!
As moçoilas deveriam abrir mão de suas vaidades. Nada de depilação. Os pêlos seriam fartamente cultivados. E nada de alisamento na cabeça. Imagina a cena, um monte de mulher de cabelão black todo enfeitadinho com florzinhas brancas, uma fumaça de gelo seco subindo e de repente alguém entrando cantando “Aquarius, Aquariussssssss!!!!”
Não é que navegando na Internet descobri que essa minha filosofia de vida existe? São os freegans, algo como os vegans, só que, além de não consumirem produtos de origem animal e que não sejam testados em animais, os freegans abominam a economia industrial, a exploração dos homens e da terra, buscando uma vida mais natural , se alimentando sem os supermercados, se tratando sem as farmácias, trocando o carro pela caminhada, pela bicicleta, pelo velotrol, pelo skate ou até mesmo pela velha e boa carona. Também acham um absurdo o sujeito se matar pra trabalhar e metade da renda ir pro aluguel ou pro pagamento da casa própria durante 25 anos. Ao invés disso, preferem se instalar em casas abandonadas e aí criarem um verdadeiro centro comunitário reunindo atividades educativas, culturais e sociais, numa prática conhecida como “Squat.” E para eles também, nada vai pro lixo. Isso só gera mais e mais entulho. E é aí que se tem origem a estratégia freegan mais conhecida, chamada “colheita urbana” ou no popular... “mergulho em lixeira”! A organização “Food Not Bombs” (Comida, não Bombas) recupera alimentos que provavelmente iriam para a lixeira e os transformam em verdadeiros banquetes coletivos!
Agora, a característica freegan que mais me atraiu foi o que eles chamam de desemprego voluntário. Nossos amigos passam os dias se perguntando: “Pra que trabalhar tanto?” E nisso concordo com eles em gênero, número e grau. A filosofia freeganista vê o trabalho como sacrificar a liberdade para obedecer ordens de outros... E o que isso significa? Estresse, chateação, monotonia, um verdadeiro atentado ao nosso bem-estar físico e mental!
Taí... Gostei! Segunda-feira que vem me mudo de mala e cuia pro morrão em frente ao colégio... Uma vida nova me espera! Livre de aporrinhações e cobranças. Uma vida mais natureba, longe da sociedade de consumo e do capitalismo selvagem. Uma vida de verdade, sem livro de ponto pra assinar e patrão pra encher a paciência. Só não posso esquecer meu travesseiro de pena de ganso, meu repelente hipoalergênico e minha manteiga Président... Ah! E o meu ar condicionado portátil, é claro!

3 comentários:

Unknown disse...

Da escola pro morro,um pulo.Até parece que você teria tanta tranquilidade assim...kkkkkkkkkkkkkkk

Maria disse...

Vou com você! Mas preciso de um gato pra instalar aquele meu depilador elétrico.

A Desbocada disse...

Nossaaaaaaaaaa Marcelo!!! Adorei isso!!! Muitcho bom!!! Rs... Será que lá pode usar tem facebook? Rs...
Mas é bem por ai né? Meus pensamentos andam bem por essa linha.