terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

ADEUS ÀS ARMAS...


Fidel e Che: tête a tête.


O ano: 1959. Fidel Alejandro Castro Ruz e seus companheiros eram aclamados pelo povo como heróis nacionais. Era o fim de uma ditadura que já durava sete anos, comandada pelo presidente Fulgêncio Batista. Pobres cubanos! Mal sabiam o que estava por vir... O lugar de Batista teria outro ocupante por quase cinco décadas! As diferenças entre os dois governos eram muitas, mas podem ser exemplificadas num dado bem simples: há 50 anos atrás, de quatro cubanos, um não sabia ler nem escrever. Hoje, a educação da "ilha de Fidel" tornou-se referência em todo o globo...
A história nos conta que Fulgêncio Batista e seus cupinchas recebiam comissões financeiras dos Estados Unidos pelo comércio do açúcar. Os revolucionários, graças ao forte apelo junto ao povo, conseguiram derrotar o Exército Cubano e implementar em 18 meses, medidas drásticas como reformas agrária e urbana e estatização de empresas. A partir daquela data, cada um era dono da casa em que vivia. Se o camarada possuísse mais um imóvel, perderia a propriedade e receberia uma espécie de indenização do governo, por toda a vida. Quem tivesse três imóveis levava literalmente um pé na bunda e neca de pitibiriba! Já a reforma agrária determinava que todas as propriedades deviam ter até 402 hectares. Passou disso, passava-se o rodo! Foi a gota-d´água pros americanos. A United Fruit Company, multinacional da terra do Tio Sam, sozinha, possuía cerca de 200 mil hectares de latifúndio! Sem terra e sem indenização, o governo yankee corta relações com a Cuba de Fidel.
Era a hora da União Soviética ganhar a cena, afinal estávamos na velha e boa Guerra Fria. Os comunistas passaram a oferecer ajuda como comprar "cotas" de açúcar e a fornecer petróleo a preços mais baixos.
O fato é que o governo de Fidel conseguiu ao longo de quase meio século de vida, impressionantes índices sociais. Favela, tráfico de drogas? Fala sério... Mas tudo a preços bem altos: os cubanos não tinham acesso a coisas simples como... bobes de cabelo, por exemplo! É conhecido, o hábito das mulheres da ilha usarem rolos de papel higiênico para encaracolar as madeixas...
Só pra comparar: De acordo com a ONU, em 2003, a mortalidade infantil de Cuba era de 6,2 habitantes para cada 1000. No Brasil, esse índice era de 28,6 por 1000. 98% das casas cubanas possuíam instalações sanitárias adequadas, contra 75% das brasileiras. Em 2006, Cuba obteve a 50ª colocação no ranking de IDH. Brasil, 69º.
Analfabetismo cubano, 0,02%. Brasileiro: 13,7%.
Mas, pra que fique bem claro que isso aqui não é propaganda política gratuita, custa nada lembrar dos horrores que levaram centenas de cubanos a abandonarem sua terra. De assassinatos coletivos a estado de sítio, os cubanos comeram o pão que o diabo amassou. As Umaps (Unidades Militares para Ajuda e Proteção) criadas durante a década de 60, dividiam os opositores do regime em três categorias: homossexuais, religiosos e cidadãos com pouca instrução. Eram submentidos a trabalhos forçados e ficavam confinados numa espécie de campo de concentração. A pressão das organizações pelos direitos humanos pôs fim à prática. Além do mais, se eu vivesse na ilha, certamente esse post não seria publicado. Liberdade de imprensa era coisa que não existia por lá.
Hoje essa história parece chegar ao fim. Só parece, dizem os analistas políticos. Fidel anunciou que está saindo de cena, mas o "castrismo" não. Ao que tudo indica, será outro Castro quem ocupará a cadeira presidencial: Raul, irmão do barbudão. Um só partido político existe, o Comunista Cubano. Resumo da ópera: pelo andar da carruagem, o velho general que, aos 13 anos, pediu numa singela cartinha ao presidente americano Roosevelt que lhe enviasse "uma nota verde de dez dólares", ainda assombrará por muitos e muitos anos, o sono dos nuestros hermanos...

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